ARQUITETURA

 

          A cidade de São José dos Campos sofre influências desde a Fase Sanatorial de nomes importantes da arquitetura, quando Ramos de Azevedo, engenheiro-arquiteto formado pela Universidade de Gante, na Bélgica, projetou e construiu a sede do Sanatório Vicentina Aranha, o maior das Américas. Em seu currículo, Ramos de Azevedo possui grandes projetos como a Pinacoteca do Estado – SP (1897-1905), Batalhão Tobias Aguiar (1888-1891), Theatro Municipal de São Paulo (1903-1911), Palácio das Indústria (1911-1924), Palácio dos Correios (1920-1922), o Mercado Municipal de São Paulo (1928-1933) e muitas outras obras notáveis. 

             Já nas décadas de 40 e 50, muitos outros nomes importantíssimos da Arquitetura e Paisagismo deixaram por aqui, as terras joseenses, seus projetos Residenciais e posteriormente até a década de 70 nas Indústrias.  

Antes um Centro Industrial, sede de grandes empresas do segmento Têxtil, Calçados, Automotivo, Aviação, Bélico, Telecomunicações, Fotográfico e Produtos de Cuidados Pessoais a cidade recebeu projetos de Oscar Niemeyer (Ericsson e DCTA), Rosendo Santos Mourão (DCTA e Kanebo), Giancarlo Palanti (São Paulo Alpargatas), Rino Levi e Roberto Burle Marx (Complexo Residencial da Tecelagem Parahyba). Neste mesmo período muitos projetos residenciais assinados por arquitetos de renome foram executados para atender os empresários e a alta sociedade joseense, como a residência Amaury Fernandes na Avenida madre Tereza 469 (Luiz Erasmo de Moreira), residência Willi Pecher, na Rua Afonso César Siqueira 225, assinado pelo próprio e a residência Hiroshi Kameyama na Rua das Andradas 22 (Ruy Ohtake). Porém, desde meados dos anos 80, a cidade vem num processo de migração da economia e consequentemente da urbanização, alterando diretamente, além da movimentação demográfica, os hábitos de todas as cidades ao seu redor, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, com 16.179,95 km², a terceira a terceira maior região metropolitana do estado em número de habitantes, com 2.264.594 moradores (dados de 2010), 5,49% da população estadual e 1,19% da nacional. A taxa de crescimento anual no período 2000-2010 foi de 1,29%, valor acima do registrado pelo estado (1,10%). Em 2012 a região registrou um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 55.254.155.396,00. Esse montante corresponde a 3,92% do PIB estadual e 1,26% do PIB nacional.  

(Fontes: EMPLASA - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA - http://www.emplasa.sp.gov.br/Emplasa/Indicadores/valeparaiba.asp, acessado em 30/7/2015)  

 

          Atualmente, cada vez mais um Centro Regional de Comércio e Prestação de Serviços, o município constituído por três distritos, com limites estabelecidos: São José dos Campos (sede), Eugênio de Melo e São Francisco Xavier, possui peculiaridades contrastantes. Considerada uma cidade grande, moderna e tecnológica, ao mesmo tempo rural e bucólica, pois cada uma das regiões possui suas características. O Distrito de São Francisco Xavier ao Norte, faz encontra-se na Serra da Mantiqueira. Pitoresca e predominantemente Rural é nosso maior atrativo para o Turismo de Contemplação, Saúde & Beleza, Esportes Radicais e Natureza; ao Leste, Distrito de Eugênio de Melo também preserva sua tranquilidade e paisagem rural e pacata, contrastando com a imponência do Parque Tecnológico, um dos maiores Polos de Tecnologia e Inovação do Brasil. Já a Sede Administrativa sofreu as maiores alterações com relação ao passado industrial. Impulsionado pelo crescimento do comércio e, consequentemente, a alteração no perfil urbano, o centro da cidade foi expandido e muitos bairros, modernos e populosos surgiram fazendo com que muitas das residências tivessem seus usos iniciais readaptados, tornando-se pontos comerciais, clínicas, escritórios de diversas especialidades e, infelizmente, demolidos para a construção de condomínios verticais residenciais ou empresariais. Algumas indústrias, antes distantes do centro, também sofreram esse efeito, porém atualmente são Grandes Shoppings ou Centros de Serviços, Atacadistas, Centros de Distribuição ou Condomínios Empresariais. Destes, os maiores exemplo são: 
 

RESIDÊNCIAS
 

          Antiga residência Amaury Fernandes – Avenida Madre Tereza, 469 – Centro: Projetada por Luiz Erasmo de Moreira em 1971, inicialmente manteve suas características originais, mesmo readaptada para receber a sede administrativa da Xerox do Brasil S.A., porém nos anos 2000 foi descaracterizada e abriga atualmente o INEFRO – Instituto de Nefrologia, Clínica Médica especializada e Laboratório. 

 

          Antiga Residência Oswaldo Couto – Rua Tem. Manoel Pedro de Carvalho, 36 – Bela Vista: Projetada por Delmar Buffulin em 1971. Posteriormente foi ocupada pelo Ministério do Trabalho e mais tarde demolida para construção de um condomínio vertical; 

 
PLANTAS FABRIS
 
          Antiga Fábrica da Ericsson – Avenida Benedito Matarazzo, 9.403 – Jardim Oswaldo Cruz - Marginal da Dutra: Projetado por Oscar Niemeyer foi totalmente descaracterizado e abriga atualmente o Centervale Shopping; 

 

        Antiga Fábrica da São Paulo Alpargatas – Avenida Andrômeda, 227 – Jardim Satélite - Marginal da Dutra; Projeto de Giancarlo Palanti foi totalmente descaracterizado e abriga atualmente o Vale Sul Shopping; 
 
          Antigo Complexo Fabril da Tecelagem Kanebo – Rua Andorra – Jardim América – Projetos de Takeshi Suzuki (Fábrica 1), Rosendo Mourão (Estádio de Beisebol e Fábrica 2) e Takanori Saito (Fábrica 3): Tem boa parte das estruturas preservadas, mas o maior prédio (Fábrica 1) abriga o Shopping Oriente; 

 

Referência
Renato Anelli, Abílio Guerra, Nelson Kon, Rino Levi - Arquitetura e cidade, Romano Guerra Editora, São Paulo, 2001.

Artigo escrito por Igor Fracalossi, publicado originalmente em 2014 e atualizado em fevereiro de 2021. 

CASAS  SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, BRASIL

 Arquitetos: Rino Levi

 Ano : 1949

 Fotografias :Flagrante / Romullo Fontenelle, Nelson Kon

Niemeyer DCTA - 20.jpg
Niemeyer DCTA - 10.jpg
Niemeyer DCTA - 15.jpg
Niemeyer DCTA - 14.jpg

RESIDÊNCIAS

Residência Olivo Gomes

Rino Levi e Roberto Cerqueira César

 

Projetada por Rino Levi e Roberto Cerqueira César em 1949 e concluída em 1951, a Residência Olivo Gomes foi encomendada feita pelo industrial Olivo Gomes, então proprietário da Tecelagem Parahyba. Situada no "Parque da Cidade” próxima das estruturas industriais da tecelagem. A residência é envolvida pelo projeto paisagístico de Roberto Burle Marx e conta, ainda, com amplos murais de azulejaria desenvolvidos pelo mundialmente renomado paisagista e pelo próprio Rino Levi. 

 

O edifício está situado em leve pendente e se desenvolve praticamente num só pavimento, térreo na sua fachada de acesso e em balanço na sua fachada principal. O pavimento inferior é um alpendre de pilares cilíndricos de concreto. O programa é simples, porém amplo: oito dormitórios com um banheiro a cada par, escritório, salão de jogos, piscina, garagem coberta para seis carros, área de serviço com dois dormitórios para empregados. 

 

O bloco de dormitórios é caracterizado sobretudo pelas suas esquadrias em venezianas do tipo guilhotina com contrapeso. São três folhas de venezianas, sendo a superior fixa. Assim, os dormitórios podem abrir-se completamente à paisagem, protegidos apenas por um discreto parapeito de ferro. Do lado oposto, paralelamente ao corredor que dá acesso aos quartos, uma rampa de dois lances leva ao salão de jogos, no pavimento inferior. 

 

O setor social se destaca pelo terraço que se projeta dos salões fechados de estar e jantar e pelo grande beiral em balanço que o protege. Ganha atenção uma escada helicoidal que leva ao nível inferior. Seu desenho é singular: os degraus estão sustentados por uma viga curva de concreto e no seu perímetro externo por cabos de aço que partem da laje superior. Uma escultura para o alpendre. 

 

Planta Baixa da Residência 1.jpg
Planta Baixa da Residência 2.jpg
Rômullo Fontenelle 9.jpg
Rômullo Fontenelle 11.jpg
Nelson Kon 2.jpg
Rômullo Fontenelle 7.jpg
Nelson Kon 5.jpg
Rômullo Fontenelle 6.jpg
Rômullo Fontenelle 1.jpg
Nelson Kon 3.jpg
Rômullo Fontenelle 6.jpg
Nelson Kon 7.jpg

PLANTAS FABRIS E MILITARES

COMPLEXO DO CTA - CENTRO TÉCNICO DE AERONÁUTICA

 

          No final da década de 40 o recém-criado Ministério da Aeronáutica projetou o Centro Técnico de Aeronáutica - CTA, atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, a fim de romper a grande dependência há época dos institutos tecnológicos estrangeiros, alçando São José dos Campos definitivamente à história militar brasileira como o único centro de formação de recursos e tecnologias espaciais, formando técnicos e engenheiros aeronáuticos. 

          Neste período, após o término da Segunda Guerra Mundial, o momento político apresentava um quadro de instabilidade com a divisão dos blocos ideológicos e militares dos “vencedores” em Capitalistas e Comunistas. O Brasil, pressionado pelos americanos, se aliou ao bloco capitalista rompendo com a União Soviética. Neste contexto, o presidente Getúlio Vargas, após receber do relatório de estruturação de um centro de formação militar profissionalizante intitulado como “Plano de Criação do CTA”, resultante da visita do Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho aos Estados Unidos e firmar a consultoria do Professor Richard Herbert Smith, especialista de planejamento de instalações aeroportuárias militares do MIT – Massachussetts Institute of Technology e da oferta de recursos dos Estados Unidos, demonstrou interesse especial em desenvolver a indústria aeronáutica nacional com “a dupla finalidade de preparar técnicos e especialistas em aeronáutica e ciências conexas e realizar as experiências, pesquisas e estudos necessários ao desenvolvimento seguro da indústria especializada, do comércio aéreo e da arma aeronáutica”. Em decorrência, o recém-empossado presidente Eurico Gaspar Dutra, entusiasmado pelo então ministro da Aeronáutica Tenente Brigadeiro Armando Trompowsky, aprova e canaliza esforços para a construção do CTA. O Ministério da Aeronáutica cria a Comissão Organizadora do Centro Técnico de Aeronáutica (COCTA) para o gerenciamento do projeto, sob responsabilidade do então Coronel Aviador Engenheiro Casimiro Montenegro Filho.  

          Depois da efetivação do projeto e de intensas pesquisas por diversas regiões para a construção do centro, que deveria localizar-se em área plana e extensa, próxima aos grandes centros industriais, o COCTA decidiu sediar o centro na cidade de São José dos Campos, precisamente no aeroclube do município, que possibilitava uma excelente comunicação entre o Rio de Janeiro e São Paulo, pois já havia a previsão da construção da Rodovia BR-116 (atual Rodovia Presidente Dutra) possuía clima ameno e energia elétrica abundante, além de consideráveis áreas para a instalação de indústrias aeronáuticas. Em 16 de novembro de 1951, o Prefeito Sanitarista Pedro Popine Mascarenhas, através de Lei Municipal, doa uma gleba de 9.280 mil m² denominada “Campo dos Alemães” para a instalação do CTA e outros 3.200 m² foram pleiteados junto ao Governo do Estado de São Paulo como desapropriação para futuras instalações. 

         A partir daí, conforme normas definidas pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, a comissão organizadora realizou um concurso fechado de projetos arquitetônicos para o novo centro. Foram indicados pelo Ministério da Aeronáutica os escritórios de Oscar Niemeyer Soares Filho, Marcelo Roberto, Affonso Eduardo Reidy, Benedicto de Barros e Companhia Brasileira de Engenharia, que designou os arquitetos Edwaldo Vasconcelos, Flávio Amílcar Regis do Nascimento e Hermínio de Andrade Silva. 

 

BRNB422006A5F57_000087.jpg
BRNB422006A5F57_000088.jpg